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Scot Consultoria

A crise ronda. Mas o que esperar dos fundamentos para as commodities agrícolas?


Sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 - 15h53

Zootecnista pela UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.


Colaboraram Rafael Ribeiro, Alcides Torres, Hyberville Neto O Food Price Índex, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que mede a variação mensal de preços de cinco grupos de commodities (cereais, óleos/gorduras, lácteos, carnes e açúcar) no mercado internacional, registrou quedas mensais consecutivas de julho a outubro. De janeiro a outubro, a queda foi de 6,5%. A evolução do índice em 2011 tem sido diferente das verificadas nos dois anos anteriores. No mesmo período de 2009 e 2010, foram registradas altas de 11,4% e 13,9%, respectivamente. Veja a figura 1. O atual comportamento do índice é semelhante ao observado em 2008, ano da crise financeira global, desencadeada pela crise norte-americana de crédito de alto risco (subprime). De janeiro a outubro daquele ano, o índice recuou 13,6%. Considerando somente o grupo dos grãos, este ano o índice caiu 5,4%. Em 2008 caíra 17,7% no mesmo período. O atual cenário é de instabilidade no mercado internacional de commodities. O risco de recessão na Europa e nos Estados Unidos mantém os mercados apreensivos. As medidas para o combate ao endividamento europeu aumentaram a aversão ao risco por parte dos investidores e trouxeram incertezas com relação ao crescimento econômico mundial. Oferta versus demanda Os dados referentes à oferta e demanda mundiais apontam para estoques enxutos para as principais commodities agrícolas em relação aos últimos anos. Veja na figura 2 a relação entre o estoque final e a demanda por milho na última década. Através desta relação, é possível fazer um rápido balanço do mercado. A estimativa aponta para a menor relação em dez anos. Isto indica que o mercado está enxuto, levando-se em conta os estoques e consumo. De outra forma, temos que a demanda vem crescendo em ritmo mais acelerado que a produção. Os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam para produção mundial recorde de milho em 2011/12, 3,6% maior que a da safra 2010/11, totalizando cerca de 858,9 milhões de toneladas. No Brasil, de acordo com o último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a perspectiva para a lavoura do milho de primeira safra é boa. A previsão é de aumento de área semeada em relação à 2010/2011, em razão dos bons preços, que se mantiveram praticamente estáveis em plena colheita da safrinha. Somente agora as cotações deram sinais de recuo. A Conab estima que a área semeada na primeira safra de milho fique entre 8,53 milhões e 8,73 milhões de hectares. Por enquanto, para o milho safrinha, a projeção é de que a área semeada atinja 5,92 milhões de hectares. A produção total para 2011/12 está estimada entre 58,43 milhões e 59,46 milhões de toneladas, em comparação com 57,51 milhões toneladas da safra 2010/11. Para a soja, o levantamento de intenção de plantio da safra 2011/12 indica uma área entre 24,40 e 24,91 milhões de hectares, representando um crescimento entre 0,9% a 3,0% em relação ao plantio da safra 2010/11. Apesar do crescimento, a estimativa para a produção em 2011/12 é de retração entre 5,1% e 3,1% na comparação com a produção de 2010/2011, que foi de 75,32 milhões de toneladas. Para a nova safra, estima-se uma produção entre 71,49 milhões e 72,97 milhões de toneladas de soja grão. A produção total de grãos está estimada entre 157,20 milhões e 160,52 milhões de toneladas, frente 162,96 milhões de toneladas da safra passada. Os números fazem parte do segundo levantamento de intenção de plantio para a safra 2011/2012 da Conab. Expectativas para o mercado internacional A fragilidade de preços para as commodities agrícolas no mercado internacional deve perdurar em curto prazo, com probabilidade de avançar sobre os primeiros meses de 2012. Neste momento, apesar dos estoques em níveis baixos, a desconfiança e redução de demanda gerada pela crise vigente contrapõem os dados otimistas. Fica a expectativa de como as economias europeias e norte-americanas se comportarão nos próximos meses. Vale também destacar que a trajetória de crescimento da China será crucial para a dinâmica dos preços. Afinal, o fator China não pode ser desconsiderado, principalmente pela sua importância no consumo de produtos agrícolas. A China é o maior importador mundial de soja e não dá sinais de que vai comprar menos. Pelo menos até agora. Por fim, se as medidas econômicas triunfarem, os fundamentos do mercado – estoques enxutos e demanda crescente, deverão colaborar para um cenário positivo para os mercados de commodities agrícolas. *material publicado na revista AgroAnalysis
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